Do "ataque feio" ao "medo da mudança". O debate entre Mendes e Cotrim
- 07/12/2025
Os dois candidatos estiveram hoje frente a frente num debate na TVI no âmbito das eleições presidenciais de 18 de janeiro.
No arranque do debate, Luís Marques Mendes queixou-se de ter sido "vítima de um ataque pessoal muito feio, muito lamentável" de João Cotrim Figueiredo, por o candidato apoiado pela IL ter dito numa entrevista que foi pressionado pela candidatura de Marques Mendes para desistir.
O antigo líder do PSD pediu ao eurodeputado da IL que esclarecesse publicamente quem o pressionou, defendendo que "não se fazem acusações desta gravidade sem apresentar provas e sem apresentar fundamentos".
"O senhor comporta-se como uma espécie de André Ventura envergonhado, porque faz acusações e não as prova. E isso não o recomenda para Presidente da República, até o desqualifica", criticou.
João Cotrim Figueiredo referiu que nunca disse que a pressão tenha vindo diretamente de Marques Mendes, mas recusou nomear quem lhe terá pedido para desistir. O liberal reiterou que se trataram de "apoiantes destacados de Luís Marques Mendes", que presumiu "que faziam parte da sua candidatura" e estavam autorizados pelo candidato.
O candidato apoiado pela IL considerou igualmente que o adversário deu "extrema importância" a este assunto, e não fez o mesmo quanto Gouveia e Melo se queixou de pressões.
"Luís Marques Mendes acha que a minha candidatura é muito mais perigosa para si do que a de Gouveia e Melo", comentou.
João Cotrim Figueiredo contrapôs ainda que os portugueses querem transparência por parte do Presidente da República e referiu que "toda a [sua] vida profissional" está publicada, enquanto no caso de Marques Mendes, vai sair um livro que resume "os 18 anos desde que saiu do Governo, até hoje, em cinco páginas".
O antigo líder da IL salientou também que, apesar de não ter tanta experiência política como o adversário, tem "uma visão relativamente à sociedade portuguesa e àquilo que deve ser o seu futuro muitíssimo mais moderna e arejada do que a maior parte dos outros candidatos".
Cotrim defendeu igualmente que Luís Marques Mendes "privilegia a prudência em tempos de mudança", mas "a prudência pode ser igual a medo da mudança".
"Eu ouço muitas vezes o Luís Marques Mendes falar de estabilidade, mas estabilidade, na atual situação, é estagnação", acrescentou, com o adversário a sublinhar que as suas prioridades são "estabilidade e ambição".
Antes, o antigo ministro tinha defendido que o "Presidente da República tem um poder mediador e tem que ser moderado, mas não é ser mole, nem é ser frouxo, é ser firme".
Ao longo do debate, foram ficando vincadas as diferenças de opinião entre os dois em diversos temas.
João Cotrim Figueiredo criticou a proposta de Marques Mendes de incluir um jovem no Conselho de Estado, considerando que "não é isso que vai dar destaque à juventude", com o social-democrata a sublinhar a importância deste órgão e referir que é uma "oportunidade para dar voz aos jovens".
Confrontados com as alterações à lei laboral, os dois discordaram também sobre a postura que os candidatos devem adotar, com o liberal a dizer que promulgaria, mesmo não concordando com tudo, e Luís Marques Mendes a preferir pronunciar-se no final do processo legislativo, apelando ao "equilíbrio e a diálogo social".
Para combater a pobreza, os dois concordam que é preciso crescimento económico, mas Marques Mendes considerou que não se pode esperar que "o mercado vá resolver os problemas dos idosos, dos pensionistas e dos reformados com pensões 300, 400 ou 500 euros".
Luís Marques Mendes criticou também propostas já defendidas pela IL, como a taxa única de IRS ou a privatização da Caixa Geral de Depósitos.
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