Guterres pede moderação para evitar nova escalada de violência no Nepal
- 09/09/2025
"O secretário-geral acompanha de perto a situação no Nepal. Está profundamente consternado com a perda de vidas e expressa as suas sinceras condolências às famílias das vítimas. Ele pede uma investigação completa destes acontecimentos", indicou o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em comunicado.
Além de instar à moderação, Guterres apelou ainda às autoridades para que cumpram o direito internacional dos direitos humanos.
O líder da ONU salientou que os protestos devem ocorrer de forma pacífica, respeitando a vida e a propriedade, e concluiu com um apelo ao diálogo.
Os protestos na capital nepalesa começaram na segunda-feira, liderados por jovens contra a proibição de 26 plataformas de redes sociais, entre elas Facebook, Instagram, Whatsapp e X, anunciada a 04 de setembro pelo Governo.
A proibição resultou de uma decisão do executivo nepalês exigindo que todas as plataformas se registassem num prazo de sete dias, nos termos da "Diretiva sobre a Regulação do Uso das Redes Sociais, 2023", que obrigava as empresas a obter uma licença em três meses, renová-la a cada três anos e designar um representante no Nepal.
Como a maioria das empresas não cumpriu o prazo, o Ministério da Comunicação ordenou o bloqueio dos serviços e instruiu os fornecedores de Internet a aplicar a proibição.
O impacto foi imediato, num país onde as redes sociais concentram quase 80% do tráfego da Internet. Segundo dados oficiais, o Nepal tem 2,97 milhões de assinantes de Internet.
Nas últimas semanas, tornou-se viral no TikTok, Reddit e outras plataformas digitais a campanha "Nepo Kid", criticando os filhos de políticos e empresários por exibirem carros de luxo, estudos no estrangeiro ou férias caras, supostamente pagos com dinheiro obtido através de corrupção.
O termo, que vem de nepotismo, reflete a frustração generalizada dos jovens nepaleses em relação a uma classe dominante considerada corrupta e irresponsável, que acede ao poder por privilégios e laços familiares e não pelo mérito.
O que na segunda-feira começou como uma manifestação pacífica de milhares de jovens junto ao parlamento nepalês, em Katmandu, tornou-se violento quando as autoridades responderam com repressão à invasão de algumas barricadas policiais por alguns manifestantes.
A mulher de um ex-primeiro-ministro do Nepal morreu hoje após sofrer queimaduras graves quando manifestantes incendiaram a sua casa em Katmandu, onde o número de mortos em protestos aumentou para 25.
Tês manifestantes morreram no Hospital Civil e a polícia informou de outras duas mortes num tiroteio em Kalimati.
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