Halloween. "Sala do terror" deixa crianças de CATL dos Açores "em pânico"
- 27/10/2025
Um Centro de Atividades de Tempos Livres (CATL) da Região Autónoma dos Açores foi alvo de uma denúncia por parte de um pai devido às comemorações do Dia das Bruxas, que incluiram uma "sala do terror" para crianças entre os 4 e os 8 anos, que as deixaram "em pânico" e a chorar.
A denúncia foi apresentada no dia 7 de outubro ao Comissariado dos Açores para a Infância, que emitiu agora uma série de recomendações para os CATL e escolas do arquipélago em relação aos festejos de Halloween.
Segundo esta entidade, que funciona na dependência do membro do Governo Regional, foram denunciadas "alegadas práticas inadequadas" e "experiências de natureza psicologicamente violenta e potencialmente traumática para as crianças, nomeadamente a recriação de uma denominada 'sala do terror'".
Acrescenta o Comissariado que os menores em questão terão sido expostos a "um ambiente escuro, com sons e com luzes perturbadoras, e a interações físicas com adultos mascarados que as teriam encurralado, provocando pânico e choro generalizado".
Segundo o Açoriano Oriental, algumas das crianças ficaram mesmo "sem dormir" e alguns dos encarregados de educação saíram "abalados" do local.
Perante o cenário, o denunciante considerou que os direitos da criança estavam a ser desrespeitados por quem autorizou a realização daquela celebração, algo que o Comissariado corrobora.
"Tais práticas levantam sérias preocupações quanto ao respeito pelos direitos da criança, consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança, podendo colocar em risco o seu equilíbrio emocional e bem-estar psicológico", lê-se no comunicado, partilhado, entretanto por várias escolas nas redes sociais e que o Notícias ao Minuto teve acesso.
Assim, desaconselha a entidade regional "a utilização de fantasias e acessórios e a realização de atividades, em particular durante o Halloween, que deliberadamente provoquem medo, ansiedade e, até mesmo, pânico a crianças, através da sua exposição a situações violentas e potencialmente traumáticas, tais como ‘salas de terror’ e outras experiências semelhantes".
Apela ainda o Comissariado "ao bom senso" e à "responsabilidade pedagógica de monitores, educadores e outros docentes" e à adoção "de atividades que respeitem os direitos das crianças, sendo adequadas à sua faixa etária, ao seu estádio de desenvolvimento, às suas características pessoais e, quando aplicável, às suas necessidades especiais".
O Comissariado realça ainda a importância de informar previamente os pais e encarregados de educação "sobre as atividades a desenvolver no âmbito das festividades de Halloween e a solicitação de autorização expressa e prestada por escrito para a participação dos filhos e educandos nessas mesmas atividades".
Perante a denúncia, a entidade regional sugere a "disponibilização aos profissionais de ações de sensibilização e formação sobre os direitos das crianças e o impacto da exposição a violência psicológica em crianças" e aconselha "a supervisão regular das atividades desenvolvidas, pelos CATL, creches, jardins de infância e escolas, a propósito do Halloween, por parte da segurança social, municípios e educação enquanto entidades que tutelam aquelas".
O Notícias ao Minuto entrou em contacto com o Comissariado dos Açores para a Infância que disse não ter mais nada a acrescentar ao comunicado já emitido e citado acima.
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