Leitão aponta inação ao Governo, Montenegro acusa-a de "radicalizar a IL"
- 27/10/2025
As críticas de Mariana Leitão foram apresentadas na Assembleia da República, no primeiro dia de debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2026, para justificar o voto da IL contra a proposta do Governo, que tem aprovação assegurada nesta fase com a abstenção do PS.
A presidente da IL, eleita em julho para liderar este partido, após a saída de Rui Rocha, alegou que o Orçamento do Estado "cobra mais" impostos, ao contrário do anunciado, aumenta a máquina do Estado" em vez de o reformar, e "adia decisões" na habitação, deixando o setor com "projetos parados, casas que não aparecem e preços que continuam a subir".
"Senhor primeiro-ministro, pergunto: Até quando? Até quando é que vamos adiar Portugal? Até quando é que os portugueses vão ter de esperar por medidas que resolvam os seus problemas? Já chega de tática mediática. Deixem de tentar governar para as televisões, governem para os portugueses", afirmou Mariana Leitão.
Na resposta, Luís Montenegro lamentou a intervenção presidente da IL, considerando que não se enquadra "num debate sério" e não reconhece as medidas tomadas pelo Governo no setor da habitação. "As obras estão no terreno, estão a ser inauguradas. Não é possível fazer mais, sinceramente", sustentou.
O primeiro-ministro e presidente do PSD acusou Mariana Leitão de ter "um discurso mais próprio daqueles arcos mais extremos do panorama político".
"Está a radicalizar a IL", disse-lhe.
"Senhora deputada, francamente, a IL está a alinhar por uma perspetiva mais radical da sua intervenção política. Eu respeito, mas é mesmo radical. É radical no discurso, é radical na ação, vai ser radical na decisão sobre o Orçamento do Estado", reforçou.
Luís Montenegro acrescentou que deixará "ao crivo, naturalmente, dos portugueses, a avaliação sobre esse caminho e sobre essa estratégia" e que "daqui a algum tempo" irão conversar "para ver se os portugueses apreciam que o papel e a intervenção da IL deva ser esse" no sistema político.
Há um ano, a IL também votou contra a proposta de Orçamento do Estado para 2025, na generalidade, assim como na votação final global. A proposta do anterior executivo PSD/CDS-PP foi viabilizada pela abstenção do PS, com votos contra de todos os outros partidos da oposição.
Agora, no debate do Orçamento para 2026, apresentado pelo segundo executivo chefiado por Luís Montenegro, além de apontar inação ao Governo na habitação, Mariana Leitão qualificou a promessa de reforma do Estado como "uma ilusão que vai sair muito cara aos portugueses, com a despesa corrente a aumentar em mais de 5 mil milhões de euros".
No plano fiscal, alegou que "nunca o Estado arrecadou tanto" em impostos "em termos reais", referindo: "Temos a reversão do desconto do ISP. Temos o IVA e os impostos sobre o consumo a engordar com a inflação. Temos os escalões do IRS a subir menos do que os salários, temos os escalões do IMT a serem atualizados em apenas 2%, enquanto o preço das casas dispara acima dos 10%".
O primeiro-ministro contrapôs que "a carga fiscal e contributiva vai diminuir" e pediu a Mariana Leitão que "não diga que é mentira", porque "é factual".
"A IL tem todo o contexto para ser exigente com o Governo, fazer o seu trabalho de oposição, mas o trabalho que apresenta aqui é de negação e eu lamento", comentou.
A proposta de Orçamento vai ser votada na generalidade na terça-feira. A votação final global está marcada para 27 de novembro, após o processo de debate na especialidade.
[Notícia atualizada às 17h58]
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