"Não será aceite". Israel rejeita envio de tropas turcas para Gaza
- 27/10/2025
"Os países que estão preparados ou querem enviar tropas devem, pelo menos, ser justos com Israel", sustentou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Sa'ar.
As relações entre Israel e a Turquia, "que antes eram mais próximas", pioraram "drasticamente" desde que Recep Tayyip Erdogan está no poder: na presidência, desde 2014, e, antes disso, no cargo de primeiro-ministro, desde 2003, disse.
O chefe da diplomacia israelita acusou também Erdogan de "levar a cabo uma campanha contra o país e de comparar as suas ações com as dos nazis".
"Também nos acusou de genocídio, é um apoiante do grupo terrorista [islamita palestiniano] Hamas", afirmou, citado pelo diário The Times of Israel.
"A Turquia de Erdogan não só emite declarações hostis como toma medidas económicas e diplomáticas pouco amistosas", declarou o responsável israelita numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo húngaro, Péter Szijjarto, em Budapeste, onde se encontra de visita.
"Não é razoável para nós que as Forças Armadas [turcas] entrem em Gaza, pelo que informámos os nossos amigos norte-americanos sobre isso", acrescentou.
Sa'ar salientou igualmente que a Autoridade Palestiniana continua a "pagar aos terroristas", apesar das "promessas feitas", acusando alguns dos prisioneiros palestinianos recentemente libertados de "beneficiarem deste tipo de política", à qual "a Europa simplesmente fecha os olhos".
A este propósito, afirmou que "os terroristas [do Hamas] recebem os seus cheques nos correios palestinianos", onde estão a ser feitos "novos pagamentos" no âmbito do cessar-fogo.
"É-lhes dada legitimidade sem qualquer verdadeira responsabilização", observou.
Além disso, reiterou que Israel "não coopera com a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos no Médio Oriente)", que acusou de "confiar nos infiltrados do Hamas".
"A luta não terminou. O Hamas continua a ter em seu poder os corpos de 13 reféns mortos, que deverão ser imediatamente devolvidos", vincou.
Sobre as relações com a Hungria, destacou o apoio recebido e a "clara dimensão moral" no desenvolvimento da política externa húngara.
"Esperamos reforçar ainda mais as estreitas relações económicas e interpessoais entre as nossas nações", defendeu.
Está em vigor desde 10 de outubro um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, depois de negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.
O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.
A retaliação de Israel fez pelo menos 68.527 mortos - entre os quais mais de 20.000 crianças - e 170.395 feridos, na maioria civis, indicam números hoje atualizados (incluindo vítimas das quebras do cessar-fogo por Israel) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
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