Novo presidente da Câmara de Faro não "promete milagres" mas "trabalho"
- 27/10/2025
"Não vos prometemos milagres, prometemos trabalho. Não vos prometemos atalhos, prometemos caminhos certos", disse o autarca, hoje empossado numa cerimónia no Teatro das Figuras, durante a qual foi também instalada a nova Assembleia Municipal, presidida por Macário Correia (PSD).
Intervindo perante uma plateia cheia, com centenas de pessoas, António Miguel Pina, frisou que Faro precisa de "coisas concretas", reconhecendo que Faro enfrenta um desafio estrutural, mas salientando que governará com humildade, pois "ninguém é, nem nunca será, maior" do que a capital.
"Promessas vazias não encontram morada, não enchem casas, não recuperam orgulho, nem devolvem o sentido de pertença às comunidades. As linhas de ação que assumimos até aqui são práticas, mensuráveis e com calendário", garantiu o autarca, que reconquistou a autarquia para o PS após 16 anos de maiorias PSD.
Durante o seu discurso de tomada de posse, o socialista apontou algumas das prioridades do executivo para o mandato que agora se inicia, entre as quais a criação de habitação, a intervenção no espaço público e a melhoria no acesso à saúde, entre outras.
O autarca, que deixou a Câmara de Olhão, onde concluíra o terceiro mandato, reuniu 39,48% dos votos, obtendo quatro mandatos e derrotando Cristóvão Norte, que encabeçava a coligação PSD/IL/CDS/PAN/MPT.
Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, a coligação "Faro Capital de Confiança" obteve 31,64% dos votos e alcançou três mandatos, tendo o Chega ficado em terceiro lugar com 17,26% dos votos e dois mandatos.
Apesar de não ter ganho a Câmara, a coligação obteve a maioria dos votos para a Assembleia Municipal de Faro (34,65%), ganhando por uma escassa margem ao PS, liderança hoje confirmada com a eleição de Macário Correia para a presidência daquele órgão.
Durante a sua intervenção, Macário Correia, que presidiu à Câmara de Faro entre 2009 e 2012, defendeu que a legislação autárquica está "obsoleta", argumentando que o modelo de funcionamento das autarquias "não faz sentido nenhum" 50 anos depois de ter sido delineado.
"A democracia estabeleceu que todos os partidos iam para o executivo, então fez dois parlamentos. Um parlamento no executivo e outro parlamento na Assembleia Municipal, com poderes repartidos. Isso tem que ser revisto, claramente. Hoje o poder local e uma Câmara Municipal é uma 'holding' empresarial", justificou.
Segundo o responsável, a gestão de uma câmara municipal "não se compadece" com o anterior modelo: "O país mudou, o poder local mudou. Não faz sentido que um presidente de Câmara não tenha condições para governar, mas tem que se dar às Assembleias Municipais outros poderes que atualmente não têm", frisou.
O social-democrata defendeu que deve haver uma cooperação estreita entre a câmara e a assembleia municipais, garantindo que o órgão a que preside não será "um foco de confrontação ou de oposição" à Câmara.
"Estamos aqui para trabalhar juntos, em cooperação e dialogando. É isso que os cidadãos de Faro querem e disseram há 15 dias. É para isso que eu estou aqui", concluiu.
Nas eleições de 2021, a coligação liderada pelo PSD tinha vencido as autárquicas em Faro, elegendo seis dos nove mandatos em disputa, enquanto o PS ficou na segunda posição, garantindo os restantes três eleitos.
Nestas eleições, o PS manteve a maioria das Câmaras do Algarve, ao vencer em 11 das 16 autarquias, tendo o PSD ficado a governar dois municípios, o Chega um, a CDU outro e havendo ainda um município em que ganhou um movimento independente.
Leia Também: Autárquicas: Desempate na freguesia de Arcas dá vitória ao PSD/CDS-PP








