Protestos contra a situação económica no Irão espalham-se por várias cidades
- 29/12/2025
Esta manhã, na capital iraniana, os comerciantes do Grande Bazar, no sul da cidade, fecharam os seus negócios e protagonizaram uma mobilização, informaram os meios de comunicação oficiais do país, como a agência noticiosa IRNA.
Os descontentes com a situação económica gritavam 'slogans' como "fechem, fechem", incentivando outras lojas que ainda estavam abertas a juntarem-se ao protesto.
Os vídeos divulgados por ativistas nas redes sociais mostraram a presença de forças de segurança no local e tornou-se viral a imagem de um homem sentado no chão à frente daquelas, cobrindo a cabeça com o casaco.
As manifestações espalharam-se para outros pontos da cidade, como os centros comerciais e de telefonia móvel Alaeddin e Charsu, o mercado de eletrodomésticos Amin Hozur, e de móveis Delevarán, entre outros.
Outras imagens mostraram pessoas a gritar 'slogans' contra as autoridades numa estação de metro de Teerão.
Com o pôr-do-sol, registaram-se também concentrações em outras cidades do país, como Malard (na província de Teerão), Karaj (norte), Kermán (sudeste), Zanyán e Hamadán (noroeste) e a ilha de Qeshm (sul), acompanhadas de 'slogans' contra a República Islâmica, como "morte ao ditador", mas também de lemas como "Esta é a última batalha, Pahlaví voltará", numa referência à dinastia Pahlaví, derrubada com a revolução islâmica de 1979.
Alguns vídeos mostravam também disparos de gases lacrimogéneos em algumas destas cidades para dispersar os manifestantes.
No segundo dia consecutivo de protestos, a Guarda Revolucionária alertou os participantes num comunicado que se oporá a "qualquer tentativa de (...), caos ou ameaça à segurança".
Ao mesmo tempo, a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária, afirmou que os "meios de comunicação anti-iranianos e organizações de segurança estrangeiras, através de alguns dos seus agentes internos, estiveram presentes em algumas concentrações para transformar os protestos em distúrbios".
Ainda assim, os comerciantes prometem continuar na terça-feira, pelo terceiro dia, com protestos, e o portal estudantil Amirkabir anunciou que os estudantes das universidades Shahid Beheshti e Amirkabir de Teerão também protagonizarão uma concentração.
As manifestações começaram no domingo em vários centros comerciais de Teerão devido à volatilidade da moeda nacional, em constante queda face às divisas estrangeiras, especialmente o dólar, pelo que os comerciantes consideram que não lhes compensa vender os seus artigos, já que repô-los lhes custaria mais.
A moeda iraniana registou no domingo um novo mínimo histórico de 1.440.000 riais por dólar; mas esta segunda-feira recuperou com cada dólar a valer 1.360.000 riais.
Além disso, dados recentes do Centro de Estatísticas do Irão indicam que a inflação homóloga superou os 52% entre novembro e dezembro, o que reduziu drasticamente o poder de compra da população.
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