Refém luso-israelita Yossi Sharabi sepultado hoje no 'kibutz' Be'eri
- 27/10/2025
Yossi Sharabi, 53 anos, era irmão de outro antigo refém Eli Sharabi, que foi libertado vivo durante o anterior cessar-fogo no enclave palestiniano, em fevereiro passado, mas cuja mulher e duas filhas foram mortas durante os ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel.
"Yossi, meu irmão, hoje, depois de mais de dois anos de espera, ansiedade e incerteza, podemos finalmente enterrar-te aqui, em casa", afirmou Eli Sharabi durante o funeral, referindo-se ao familiar como uma "âncora" e uma pessoa de "grande coração", segundo declarações divulgadas pelo jornal Jerusalem Post.
Isaac Herzog, por sua vez, pediu desculpa em nome do Estado de Israel a Yossi Sharabi, bem como à sua família e ao 'kibutz' (comunidade) Be'eri, por não o ter salvo e devolvido a casa mais cedo.
"Perdoe-nos por não o termos protegido naquele dia amaldiçoado. Perdoe-nos por não termos estado ao seu lado contra os monstros em forma humana. Perdoe-nos por termos demorado tanto tempo a devolvê-lo à paisagem da sua terra natal", declarou o Presidente israelita, segundo um comunicado do seu gabinete.
A imprensa israelita descreveu que milhares de pessoas reuniram-se para o funeral no 'kibutz' Be'eri, perto da fronteira com a Faixa de Gaza e de onde foi levado pelas milícias palestinianas juntamente com o namorado da filha, Ofir Engel, e um vizinho, Amit Shani, ambos entretanto libertados.
Uma investigação militar concluiu em 2024 que Yossi Sharabi terá morrido em janeiro do mesmo ano quando o edifício onde se encontrava capturado na Faixa de Gaza colapsou após um ataque da Força Aérea israelita nas proximidades.
Segundo a Comunidade Judaica do Porto, Yossi Sharabi tinha nacionalidade portuguesa e foi certificado por esta comunidade por pertencer a uma família sefardita.
Em janeiro de 2024, o Governo português lamentou a sua morte, ao mesmo tempo que apelou para um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza.
Na véspera da entrada em vigor da mais recente trégua, em 10 de outubro, a Comunidade Judaica do Porto indicou que, do total de 48 reféns envolvidos no acordo entre Israel e o Hamas, estavam incluídos seis com nacionalidade portuguesa, dos quais três vivos e três mortos.
No âmbito do entendimento, o Hamas devolveu os últimos 20 reféns vivos que mantinha no enclave palestiniano, mas apenas 15 dos 28 que estavam mortos, alegando dificuldades em encontrar os corpos entre os escombros do território devastado por mais de dois anos de conflito.
Segundo uma fonte do grupo palestiniano em declarações hoje à agência de notícias espanhola EFE, o "único obstáculo para a conclusão da recuperação dos corpos dos reféns é a falta de capacidade e de equipamento".
As autoridades israelitas insistem que Hamas conhece a localização dos corpos e que, nesta altura, há esforços em curso para os recuperar, embora avisem que a sua paciência não vai durar para sempre, segundo uma fonte do gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, citada pelo jornal The Times of Israel, que indicou a possibilidade de mais uma entrega na noite de hoje.
O Fórum dos Familiares dos Reféns pediu hoje a suspensão das próximas etapas do acordo de cessar-fogo até que o Hamas devolva os últimos 13 corpos ainda mantidos no território palestiniano.
Em troca dos reféns, Israel libertou quase dois mil presos palestinianos e entregou 195 corpos.
A primeira fase do acordo prevê a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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