"Se Hamas não se desarmar, pagará um preço elevado", promete Trump
- 29/12/2025
Numa conferência de imprensa após receber na sua residência de Mar-a-Lago, estado da Florida (sul) o chefe do governo de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump insistiu que o Hamas tem de desarmar-se, como estipula a segunda fase do plano de paz para Gaza, e que o movimento islamita palestiniano pagará "um preço elevado" se não o fizer.
"Se não se desarmarem como se comprometeram a fazer, uma vez que concordaram em fazê-lo, pagarão um preço elevado. E não queremos que chegue a esse ponto... Devem desarmar-se num prazo relativamente curto", declarou Trump, acerca daquele que foi um dos temas centrais da conversa com Netanyahu.
"Estou preocupado com o que outros atores estão a fazer, ou talvez a deixar de fazer. Mas, no que diz respeito a Israel, não estou preocupado: cumpriram o plano", acrescentou o presidente norte-americano, após o quinto encontro este ano com o dirigente israelita.
A próxima fase do plano para Gaza ainda não começou devido a divergências substanciais, incluindo o desarmamento do movimento islamita, a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza e a definição de um modelo de governação interina para o enclave palestiniano após o conflito.
Poucas horas antes do encontro, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço militar do Hamas, declararam que não tencionam entregar as armas "enquanto persistir a ocupação israelita" e reafirmaram o "direito inerente" de responder a alegadas violações do cessar-fogo em Gaza.
Além do Hamas, apoiado pelo Irão, Trump deixou também avisos diretos ao regime iraniano, face a alegadas indicações de relançamento do seu programa nuclear, visado por Washington e Israel em junho, naquela que ficou conhecida como a guerra de 12 dias.
Trump ameaça Irão, caso programa nuclear seja relançado
"Se for confirmado [o relançamento do programa nuclear], eles [Irão] sabem as consequências, e as consequências serão muito fortes, talvez mais fortes do que da última vez", disse Trump.
O Irão insiste que já não está a enriquecer urânio em nenhum local do país, tentando sinalizar aos países ocidentais que continua aberto a possíveis negociações sobre o seu programa nuclear.
A conferência de imprensa em Mar-a-Lago foi repleta de elogios mútuos entre os dois líderes - que segundo as agências internacionais duraram cerca de 20 minutos - e Netanyahu anunciou a entrega de um prémio a Trump, como já vem sendo habitual entre os visitantes do presidente norte-americano.
Trump vai receber Prémio da Paz de Israel
Trata-se, afirmou Netanyahu, do Prémio Israel, que "em quase 80 anos nunca foi atribuído a um não israelita".
Com o líder israelita, a agradecer a Trump a ajuda "inestimável" no contexto dos ataques do Hamas contra o seu país há 2 anos e da consequente invasão de Gaza para subjugar o movimento palestiniano, o Presidente norte-americano defendeu que Israel "talvez já não existisse" se não fosse Netanyahu.
Benjamin Netanyahu chegou no domingo aos Estados Unidos para aquele que é o seu quinto encontro, este ano, com o Presidente norte-americano.
Na conclusão do encontro, Trump foi ainda questionado sobre as manobras militares chinesas em torno da ilha de Taiwan, que Pequim já ameaçou tomar pela força, declarando não acreditar que o seu homólogo Xi Jinping ordenasse uma invasão.
"Não creio que ele o faça", disse aos jornalistas, referindo-se ao presidente chinês.
Questionado também se estava preocupado com os exercícios iniciados na segunda-feira pela China para simular um bloqueio dos portos de Taiwan, o Presidente norte-americano rejeitou: "Não, nada me preocupa".
Esta manhã (hora local), Pequim anunciou a realização de exercícios militares de larga escala em torno de Taiwan, com o objetivo declarado de aplicar um "severo castigo" às "forças separatistas" da ilha.
Taiwan, ou oficialmente República da China, é governado autonomamente desde 1949, possui Forças Armadas próprias e um sistema político, económico e social distinto da República Popular da China, destacando-se como uma das democracias mais desenvolvidas da Ásia.
Pequim considera, no entanto, Taiwan uma "parte inalienável" do seu território e tem vindo a intensificar, nos últimos anos, a campanha de pressão sobre a ilha com vista à "reunificação nacional" - objetivo central do plano de longo prazo do presidente chinês, Xi Jinping, para alcançar "o rejuvenescimento" da nação chinesa.










