TAP: S&P mantém 'rating', mas alerta para incerteza com a privatização
- 27/10/2025
Na mais recente nota, a S&P prevê que o lucro operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) da TAP recue para entre 680 e 700 milhões de euros este ano, face aos 852 milhões registados em 2024, devido à pressão sobre as tarifas aéreas pagas pelos passageiros e ao impacto da greve de 20 dias dos pilotos da Portugália, a subsidiária regional do grupo.
A agência atribui a quebra dos lucros operacionais sobretudo à intensificação da concorrência, em particular nas rotas transatlânticas, que tem comprimido o preço médio dos bilhetes.
A S&P estima para 2025 receitas entre 4.250 e 4.350 milhões de euros e uma margem EBITDA de 16% a 17%, abaixo dos 20% do ano anterior.
Apesar do abrandamento dos resultados operacionais, a agência considera que a TAP deverá manter rácios financeiros "compatíveis com o atual nível de crédito", com o rácio de dívida sobre EBITDA a situar-se entre 4,0 e 4,5 vezes.
De acordo com a mesma nota, a TAP deverá transportar até 17 milhões de passageiros em 2025, mais 900 mil do que no ano passado, apoiada pela expansão da rede e pela abertura de novas rotas fora de Lisboa. O fator de ocupação médio subiu para 85% no segundo trimestre, face a 82,7% em igual período de 2024.
Um dos principais pontos de atenção no relatório é o processo de privatização da companhia, que, segundo a S&P, poderá alterar a perceção de apoio financeiro por parte do Estado português - um elemento que tem sido determinante na avaliação do risco de crédito da transportadora.
A agência sublinha que a manutenção da perspetiva estável "depende da hipótese de que a privatização não mude a avaliação da probabilidade moderada de apoio financeiro extraordinário do Governo".
Embora o processo de venda não implique automaticamente uma alteração da notação, a S&P alerta que qualquer sinal de enfraquecimento dessa perceção de apoio público, ou uma eventual descida da notação soberana de Portugal abaixo de "BBB-", poderia levar a uma reavaliação em baixa da TAP.
Entre os cenários de risco, a S&P admite um 'downgrade' se o rácio entre fundos gerados e dívida (FFO/dívida) descer abaixo de 12% e se mantiver nesse nível por um período prolongado. Já uma melhoria sustentada dos resultados e dos rácios acima de 20% poderia justificar uma revisão em alta do 'rating'.
A agência classifica a liquidez da TAP como "adequada", com fontes de financiamento que cobrem três vezes as necessidades até meados de 2026, incluindo 1.167 milhões de euros em caixa.
Por outro lado, a S&P volta a destacar que os fatores ambientais e sociais continuam a pesar negativamente na avaliação da companhia, devido às crescentes exigências europeias de redução de emissões e ao impacto do fim gradual das licenças gratuitas de carbono no âmbito do pacote "Fit for 55" - o conjunto de medidas da União Europeia que visa reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030.
O caderno de encargos da privatização da TAP prevê a venda de uma participação de até 44,9%, com 5% do capital reservado aos trabalhadores.
De acordo com o calendário, os candidatos têm de enviar à Parpública, gestora das participações estatais, a sua declaração de interesse até 22 de novembro.
O Governo prevê que o processo fique concluído no prazo de um ano, dependendo das autorizações de Bruxelas.
Até ao momento, Air France-KLM, IAG e Lufthansa foram as companhias aéreas que manifestaram publicamente o seu interesse, mas o processo de privatização também está aberto a potenciais investidores fora da Europa.
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